Oi malta!
Depois de algum tempo em terra, resolvi voltar ao mar alto.
As terefas diárias, contínuas e longas não me deixam muito tempo para lançar as velas ao ar. Desta vez contrariei o habitual e resolvi dar umas voltas ao recinto. Barco fora da doca, depois de um longo tratamento (já bem merecido) e aí vai ele todo alegre e contente saltitando pelas pequenas ondas da ria.
Como o tempo está a favor, quase se atropelam as embarcações no pequeno espaço que têm disponível.
Já havia algum tempo que não se via tal agitação, tanto em terra como no mar. Até a senhora dos tremoços fez questão de aparecer. Num instante despachou os saquitos que trazia na sacola. Parece que o apetite era tanto que nem valorizaram a quantia que pagavam. É a crise, disseram alguns. Qual crise? Só se for a crise de falta de alimento em casa. Só pode. Mas olhando bem à situação, até é bom que assim seja, pois a crise de uns é o benefício de outros!
Deixei de lado o comércio local e tomei atenção ao leme. Acelerei a fundo e lá fui eu. Depois de longo período sem velejar, até eu fiquei surpreendido pela facilidade de manobrar o barquito. É a experiência. De tantas vezes repetir o mesmo processo, até parece que o corpo, de uma forma automática, sabe a posição a tomar sem que haja um grande controlo mental.
Depois de algum tempo a levar com o vento na testa, resolvi dar a volta para trás. Sem muito mais a relatar, cheguei ao cais, atraquei a embarcação e fiz-me à terra. De volta a casa onde me esperaria o monótono e vulgar ciclo diário.